Peça: “O mistério de
Olga”
Autora: Diane
Lee
VÍDEOS
Personagens:
D. Olga –
dona da mansão onde ocorre o assassinato, tem 60 anos e é mãe de
Marcela, Alex e Rebeca.
Marcela –
filha de D.Olga, tem 26 anos, é muito fútil e falsa, metida a
“Patricinha”; é casada com Rodrigo há seis anos e o trai com um de seus
melhores amigos, Fábio.
Rodrigo –
marido de Marcela, tem 28 anos, é arquiteto e um executivo bem sucedido
com sua própria empresa de construção; é muito apaixonado por Marcela e
sofre de algumas neuroses; vai descobrir que é traído por sua mulher.
Fábio –
melhor amigo de Rodrigo, tem 28 anos, é engenheiro e trabalha na empresa
dele; tem um caso com Marcela, sua esposa; é muito impulsivo, conquistador
e cínico; porém, vai se reencontrar com Luciana, ex-colega de faculdade
que ainda é apaixonada por ele, e assim despertar seu interesse.
Alex –
filho de D. Olga, irmão mais novo de Marcela, tem 24 anos e tem um caso
com a melhor amiga dela, Rafaela; é muito folgado e metido a “Mauricinho”
e apesar de ter feito faculdade, não quer nada com o trabalho.
Rebeca –
filha caçula de D. Olga,
irmã mais nova de Marcela e Alex, tem 21 anos e é o oposto dos dois; é
uma pessoa centrada, responsável e inteligente, mas é muito tímida e por
isso tem dificuldade de namorar e expor seus sentimentos; vai ajudar o
Detetive Vitor a descobrir o assassino e, ao mesmo tempo, sem perceber vão
se apaixonando um pelo outro.
Rafaela –
melhor amiga de Marcela, tem 28 anos e é metida a “Patricinha” como a
amiga, só que quer dar sempre uma de quem sabe tudo e não sabe nada; tem
um caso com Alex e é casada com Ricardo há cinco anos;vai revelar um
grande segredo para todos.
Ricardo –
marido de Rafaela, tem 28 anos e, assim como Rodrigo, também é arquiteto;
tem muita paciência com as besteiras da mulher e finge que não se importa
porque na verdade se casou por conveniência.
Detetive
Vitor – tem 30 anos, é encarregado de investigar o assassinato de
D.Olga e acaba se apaixonando por Rebeca, a filha caçula, pois assim como
ela, é também um homem muito tímido e fechado para relacionamentos.
Bruno –
amigo de Rodrigo, Fabio e Ricardo, tem 27 anos, advogado famoso e
muito rico, porém solitário; é conhecido pelos amigos por ser muito
inteligente ou “nerd”, como o chamam carinhosamente; é o único que desafia
as “Patricinhas” Marcela e Rafaela e vai se apaixonar por Carolina,
enfermeira de D.Olga.
Carolina
- enfermeira de D. Olga, tem 25 anos e também é envolvida no assassinato
por ser a única com conhecimento médico na casa; também vai se apaixonar
por Bruno.
Luciana –
diretora executiva de marketing de uma grande empresa, bem-sucedida, tem 27 anos, é muito
séria e batalhadora, mas nunca se casou porque nutre uma paixão secreta
por Fabio desde a época da faculdade; ambos, agora, terão a oportunidade
de se reaproximarem após dez anos.
Janete –
governanta de D. Olga, tem 45 anos, é muito dedicada a sua patroa e sabe
tudo que acontece na casa e na família; é uma mulher séria e austera,
responsável pelo andamento de tudo na mansão; vai ser um das suspeitas do
crime por ter acesso ilimitado a casa e a vítima.
PRÓLOGO
(O palco vai se
iluminando e aparece D. Olga sentada na sala de sua casa,
quando chegam seus filhos Marcela, Alex e Rebeca:
)
MARCELA –
Oi, mãezinha! Tudo bem
com a senhora? Já estava com saudades...
ALEX –
Até que enfim...o
trânsito esta hora é um sufoco... E aí, mãe? O que temos de bom pra
jantar?
REBECA –
Oi, mãe! Viemos mais
cedo pra te fazer companhia. (e dá um abraço em D.
Olga)
D. OLGA –
Vocês
chegaram cedo... Pensei que só viessem depois das 20:00 horas...(dirigindo-se para a governanta:
) Janete, prepare a mesa de jantar para todos nós, por favor. Hoje
a família vai se reunir depois de muito tempo. E hoje tem seu prato
preferido, Alex: lasanha.
ALEX – Então, valeu a pena
vir mais cedo pra casa.(dá um beijo em D. Olga) E
por falar nisso, mãe, a senhora teria uma graninha pra me arrumar? É que
eu vou sair com uma gata depois do jantar e aí, já viu, né? Sabe como são
essas meninas ricas, né, Marcela? Exigentes...
MARCELA – Ah! Isso não é
verdade, Alex. Eu sou uma moça muito simples, não é,
mãezinha?
(nesse instante,
Janete aparece na sala para anunciar o jantar:
)
JANETE –
O jantar está
servido!
D.
Olga
– A conversa está boa, mas é melhor irmos jantar.
(e todos saem de cena
para jantar e o palco vai escurecendo)
PRIMEIRA CENA
( O palco vai se iluminando e já é de manhã;
aparecem em cena na sala Rodrigo e Marcela conversando: )
MARCELA –
Amorzinho, que horas o
pessoal vai chegar?
RODRIGO –
Acho que depois
do almoço, mas de repente podem vir mais cedo. É melhor você ficar
aguardando porque a qualquer momento eles podem chegar...principalmente
sua “amiguinha” Rafaela...
MARCELA – Ai, mas como você
implica com ela, Rodrigo! Você sabe que nós somos amigas desde o
ginásio...E além do mais, o Ricardo também é seu amigo, vocês se formaram
juntos na faculdade, lembra?
RODRIGO – Lembro, querida.
Tudo bem, não vamos começar o dia discutindo. Já está tarde e eu preciso
ir trabalhar. Não se preocupe, eu volto cedo para ajudar você com nossos
convidados.
MARCELA – Até mais tarde, meu
querido. Vou sentir saudades. (e dá um beijo nele; mal ele sai de
cena, ela pega o telefone celular e liga para Fabio: )
MARCELA –
Alô!
Fabio? Ai, minha paixão, eu não via a hora de ouvir a sua voz...O Rodrigo
demorou pra sair hoje...Olha, neste fim de semana vamos receber uns amigos
aqui em casa pra uma festinha de confraternização...É, o pessoal da
faculdade, amigos do Rodrigo...mas você também conhece: Ricardo, Bruno,
Luciana, lembra? Pois é, vai ser muito divertido relembrar os velhos
tempos, né? Não que eu esteja velha, pelo contrário...E eu estou contando
com você, claro... você não vai me decepcionar, né? Ai, eu não vejo a hora
de te ver...Eu sei que hoje é sexta-feira, o nosso dia, mas o Rodrigo
pediu pra eu ficar em casa aguardando o pessoal, então não vou poder me
encontrar contigo. Mas prometo que vamos compensar nos próximos dias...Eu
também te amo, meu amor! Te espero hoje à noite. Um beijo gostoso na sua
boca. Tchau! (desliga o celular e percebe que
Janete estava escutando e se assusta: ) Ai, Janete! Você me
assustou! Parece um fantasma aí parada na porta...Eu vou tomar um banho e
se algum de nossos amigos chegar, faça-os entrar e ficar à vontade. E os
meus irmãos?
JANETE – O Alex ainda está
dormindo e a Rebeca saiu cedo para o seu curso. Deve estar de volta para o
almoço.
MARCELA – Claro, onde mais a
minha irmãzinha poderia estar? Só sabe fazer cursos ao invés de arrumar um
namorado rico pra casar... É típico dela. Bom, cuide de tudo pra
mim.
(Janete começa a
arrumar a sala quando batem na porta e chegam Luciana e
Bruno)
BRUNO –
Olá,
Janete! (vira-se para Luciana e diz: )
Acho que fomos os primeiros a chegar, né?
LUCIANA- É mesmo. Mas, onde
estão todos, Janete?
JANETE – D. Olga está
descansando, o Alex ainda está dormindo, a Rebeca está no curso, o Sr.
Rodrigo no trabalho e a Marcela está tomando banho e me pediu para receber
vocês e os deixar a vontade. Pode deixar que eu levo sua bagagem para o
quarto.
BRUNO – Nossa, Luciana, já
faz tempo que não nos encontramos assim, todos de uma vez, né? Já estava
sentindo falta disso...
LUCIANA –Pois é... Mas acho
que esse fim de semana vai ser muito animado. E você, Bruno? Continua
solteiro?
BRUNO – Sim, ainda estou
nesta lista. Mas e você? Tem alguém no pedaço?
LUCIANA – Não, no momento meu
trabalho está me consumindo todo o tempo.
BRUNO – Não me diga que
você ainda gosta do Fabio...(ela responde que sim com a cabeça
e ele diz: ) Ah, não, Luciana! Eu não acredito! Depois de todos
esses anos você ainda não esqueceu, não superou isso...Você tem que deixar
pra lá e viver sua vida, garota!
LUCIANA – É , eu bem que
tentei, mas não consigo. Eu acho que...
(nesse instante, Fabio bate na porta e chega de
surpresa : )
FABIO –
Mas
que surpresa, meus amigos. Há quanto tempo.(cumprimentam-se e Luciana fica meio
sem graça com ele)
BRUNO –
Eu e
a Luciana chegamos juntos, né, Lu? (fala para ela tentando
disfarçar)
LUCIANA – (responde tentando disfarçar seus
sentimentos) É, acho que vai ser
ótimo rever todo mundo depois de tanto tempo. E você continua o mesmo,
Fabio: sempre elegante e “galinha”...o eterno solteirão,
né?
FABIO – É. Acho que ainda
não encontrei a mulher certa pra casar. (fala, com um ar de cinismo: )
Mas, quem sabe, a qualquer momento pode acontecer...
LUCIANA – Eu já deveria esperar essa
resposta de você.
FABIO – (olhando bem para ela diz: )
Mas falando nisso, como você está bonita, hein, Luciana.. Mudou muito
mesmo. Quem diria que aquela menina “fofinha” iria se transformar numa
bela mulher...
LUCIANA – Você está sendo
generoso, Fabio. Eu não era “fofinha” , era “gordinha” mesmo. Mas acho que
agora já dá para me encarar no espelho, depois de superar os complexos da
minha juventude.
FABIO – É, e está muito
gostosa, se me permite dizer...com todo respeito, claro.
(nisso, Marcela entra na sala cumprimentando todos:
)
MARCELA –
Oi,
turminha! Tudo bem com vocês? Ai, eu estava com saudades de todos...
BRUNO – AH, agora eu me
lembro porque fiquei tanto tempo sem vir aqui...Você continua irritante,
né, Marcela?
MARCELA – Ai, Bruninho, como
você é ... Eu estou apenas dizendo que senti a falta de vocês, meus
amiguinhos do coração!
(nesse instante, chegam Rafaela e Ricardo e todos se
cumprimentam: )
RAFAELA –
Ai, minha amiga, como vai?
Que saudades...Minha astróloga disse que esse fim de semana vai ser muito
bom, com grandes revelações...
MARCELA
–Ai, minha
amiguinha...Eu tenho certeza que vai ser demais!
BRUNO – O que vai ser
demais é agüentar vocês duas falando bobagens um fim de semana inteiro. E
você, Ricardo, como vai? Trabalhando muito e aturando sua mulherzinha
maravilhosa 7 dias por semana, 24 horas por dia , 365 dias por ano...Me
conta como você faz para não pirar?
RICARDO – (responde com ironia: ) Não, é
que eu já me acostumei...Afinal, já são cinco anos de casamento,
né?
BRUNO – Nossa, você é mesmo
um herói!
(nesse instante, chega Rodrigo do trabalho, muito
alterado: )
RODRIGO –
Olá,
pessoal! Que bom encontrar todos aqui. (todos o cumprimentam) Nossa,
gente, vocês não imaginam o que me aconteceu ontem e hoje novamente...
Quase fui assaltado!
MARCELA – Ai, meu amorzinho!
Tadinho... O que aconteceu?
RODRIGO – Imagine só que um
garoto se aproximou de mim e me perguntou as
horas...
(todos olham espantados para ele esperando que
continuasse a falar)
BRUNO –
Tá,
bom, mas e
aí...?
RODRIGO – Como e aí? Vocês
não vêem o perigo iminente nisto? É claro que ele tinha a intenção de me
assaltar, ainda mais porque já eram mais de 06:00 horas da
tarde...
RICARDO – Mas o que isso
significa?
RODRIGO – É muito simples:
significa que depois das 18:00 horas tudo pode acontecer. É o horário
preferido dos assaltantes. Por isso, quando passa desse horário, eu
imediatamente fecho os vidros do meu carro. Ah! E se vocês prezam suas
vidas, façam como eu, coloquem Insufilme no vidro do carro porque isso
evita as balas perdidas. Ah! E não esqueçam: quando estiverem andando na
rua, distribuam o dinheiro em vários bolsos ou lugares diferentes, assim
fica difícil para o ladrão roubar.
(todos olham espantados com as neuroses de Rodrigo e
começam a rir)
BRUNO –
Bala perdida
até que encontre sua cabeça, né, Rodrigo? Mas que absurdo! Insufilme não
segura nada e pelo que vejo, você continua o mesmo neurótico de sempre. E
você acha que eu tenho tempo de pensar onde colocar meu dinheiro? Não
tenho tempo nem prá almoçar..
MARCELA – Ai, não fala assim
dele, Bruno. Ele pode ser neurótico mas eu amo ele assim
mesmo.
BRUNO – PODE ser neurótico? Ele
É! Mas deixa pra lá. E como você está?
RODRIGO – Tudo bem, eu acho. Mas,
falando nisso, querida, onde está meu remédio?
MARCELA – Está lá no quarto, meu
benzinho.
(nisso, aparece em cena Alex, que estava
dormindo)
ALEX –Oi pra
todos!
RAFAELA – Mas isso são horas de
acordar, Alex? Quase 02:00 horas da tarde! Isso é mal de
taurinos...
ALEX – Lá vem você com sua
mania de astrologia. (dá uma piscada pra ela)
(nesse momento, chega Rebeca do seu curso)
REBECA –
Olá para
vocês!
MARCELA – Tinha que ser minha
irmãzinha caçula pra passar o dia fazendo curso. Ela é tão aplicada... E
por falar em almoço, hoje a Janete fez a minha sobremesa favorita: bolo
de chocolate. Você também adora, né, amorzinho? Ai...é pra comer
rezando!
BRUNO – (fala com
ironia: ) Eu é que
vou começar a rezar, só de pensar em te aturar por dois dias
inteiros...
JANETE – O almoço está servido.
(nisso chega D. Olga e cumprimenta todos na
sala)
D. OLGA –
Vamos, que
hoje o almoço está caprichado. Afinal é uma ocasião especial e quero que
todos se sintam a vontade.
CAROLINA – (entra em cena e
se dirige a D. Olga) D. Olga, está na hora de
seu remédio.
D.OLGA
– Obrigada,
Carolina. Bom, meus queridos, quero apresentar a vocês a Carolina, minha
enfermeira. É muito dedicada e vem cuidando de mim há três
anos.
BRUNO
– (fica encantado
com ela e diz: )
Muito prazer, sou o Bruno. Você parece mesmo muito eficiente.
D. OLGA – Bem é melhor irmos
almoçar e depois vocês podem descansar um pouco. Sintam-se a vontade, meus
queridos. Os amigos de meus filhos são muito bem-vindos aqui em
casa.
(todos saem de cena)
SEGUNDA CENA
(mais tarde, aparece em cena Marcela e Fabio se
beijando: )
MARCELA –
Eu já estava
ficando impaciente sem poder te beijar.
FABIO – Eu também estava
morrendo de saudades...
MARCELA – Temos que tomar cuidado
com o pessoal, eles podem desconfiar de algo, principalmente a Janete.
Hoje, quase que ela me pega em flagra falando com você no
telefone.
FABIO – Olha lá, hein,
Marcela... Eu não quero encrenca com o Rodrigo para o meu lado, mesmo
porque senão eu perco meu cargo na companhia.
MARCELA – Tá bom, mas agora vem
cá e me dá mais um beijo, paixão. ( saem de cena; e em seguida,
aparecem Alex e Rafaela conversando: )
RAFAELA –
Não minta pra mim,
Alex. Eu vi o jeito que você encarou a Luciana no jantar. Afinal, você
está interessado nela, é?
ALEX – Fala baixo, Rafaela.
Não, não estou interessado, mas você não pode negar que ela é uma mulher
muito bonita, né? E além do mais, você é casada, lembra? O nosso caso não
pode durar pra sempre sem o Ricardo descobrir, se é que ele já não
sabe.
RAFAELA – Claro que não sabe, seu
bobo. Afinal, nós somos os amantes perfeitos: somos muito discretos, não
é?
ALEX – Mas eu estou cansado de
ser só o outro. Agora quero uma gata que seja minha de verdade,
entende?
RAFAELA – O que você está
querendo dizer com isso? Você quer terminar tudo, é?
ALEX – Você entendeu
direitinho, Rafaela. É isso mesmo que eu quero fazer, ou melhor, já estou
fazendo. A gente se fala depois, até mais! (e sai de perto dela;
ela tenta segurá-lo e vai atrás dele dizendo: )
RAFAELA – Eu sabia, é por causa
dela, né? Alex, volta aqui, seu cretino. Você não pode me deixar
assim...Alex... ( e saem de cena; no dia seguinte, Bruno é o
primeiro a acordar e aparece em cena; logo em seguida, entra Carolina e os
dois começam a conversar)
CAROLINA –
Você quer um
pouco de café? Posso buscar um pouco na cozinha...
BRUNO – Não, obrigado pelo
gentileza. Gostaria apenas da sua companhia. Faz tempo que você trabalha
aqui?
CAROLINA – Três anos. A D. Olga é
muito boa comigo, eu vim me oferecer e ela imediatamente me contratou,
mesmo sem referências. Confesso que, na época, tinha acabado de me formar
em enfermagem e estava precisando muito de um
emprego.
BRUNO – Então, você deve gostar
muito daqui, né?
CAROLINA – Eu gosto do meu
trabalho e da D. Olga, mas o resto da família é muito complicada.
(fala com sarcasmo: ) Sabe como é gente rica,
né? Cheios de segredos e exigências... sem querer te comparar,
claro.
BRUNO – Tudo bem, eu também
concordo com você quanto a isso. (de repente, pergunta curioso:
) E quanto a você,
tem namorado, noivo, marido...?
CAROLINA – Não, eu nunca tive
tempo para pensar nisso até agora, pois estava mais preocupada e empenhada
em concluir meus estudos e arrumar um emprego, afinal só posso contar
comigo mesma: sou órfã desde que nasci e depois dos 18 anos, tive de
batalhar muito pra conseguir ser o que sou hoje. Mas valeu a
pena.
BRUNO – Nossa, quem te olha,
não diz que você já passou por tudo isso. Você me parece ser uma pessoa
tão sensata, tão calma... Acho que foi isso que eu gostei em
você.
CAROLINA – (fica um pouco
envergonhada e hesitante e responde: ) Obrigada, Bruno. Eu também
confesso que gostei muito de você. Quem sabe podemos nos conhecer melhor
daqui pra frente...Mas vamos com calma, tá?
BRUNO – (pega na sua
mão, olha com ternura e diz: ) Pode deixar, eu prometo
que vou ter paciência e esperarei o tempo que for necessário. O tempo que
você quiser...
CAROLINA – (fica mais
tranqüila e diz: ) Obrigada, Bruno. Eu me
sinto mais tranqüila agora que conversamos sobre
isso
BRUNO –
(fala com um sorriso) Pode contar comigo, Carolina; de agora em
diante, estarei sempre aqui, a seu lado. Sei que não é fácil para você,
mas peço apenas que confie em mim. Promete que vai
tentar?
CAROLINA – Tudo bem, Bruno. Eu vou
confiar em você. (fala com um ar de riso: ) Mas nem tente brincar
comigo, ouviu?
BRUNO – Eu nem sonharia com
isso. Eu só quero te ver feliz.
(os dois saem de cena; nisso, entram em cena Luciana,
Fabio e Alex conversando; os dois disputando a atenção dela)
LUCIANA –
Nossa, Alex.
Parece que temos algumas coisas em comum.
ALEX –
E você ainda nem me
conheceu direito... Depois do café, podemos dar uma volta por aí para eu
te mostrar o nosso jardim, ou melhor, o jardim da mamãe porque é ela quem
cuida de tudo. O que você acha, estamos combinados?
FABIO – Ei, alto lá, meu velho!
Eu já tinha convidado a Lu para darmos uma volta pela cidade muito antes
de você. Pega leve, hein...
(Luciana decide intervir: )
LUCIANA –
Opa, peraí,
dá um tempo! Eu ainda não disse se aceitei o convite de vocês ou não.
Vocês, por acaso, já me perguntaram aonde eu quero
ir?
FABIO – Eu pensei que você
gostaria de sair comigo pra matarmos a saudades, afinal já faz dez anos
que a gente não se vê. O que você me diz? Tá a fim?
LUCIANA – Claro que sim, mas só
depois do almoço. Agora eu prefiro acompanhar o Alex numa boa caminhada
pelos arredores da casa.
ALEX – Beleza, Luciana. Então
podemos ir...
LUCIANA – Claro, vamos lá. E
você, Fabio, não quer vir com a gente?
FABIO – Não, Obrigado. Não
quero segurar vela.
LUCIANA – Deixa de ser bobo e
vamos.
FABIO – (fala meio
chateado:) Tá bom.
Mas se começar a me sentir um intruso, eu volto.
LUCIANA – (fala com
ironia: ) Não se
preocupe, você não vai atrapalhar nada, queridinho.(e saem de cena;
nesse instante, entram em cena Rafaela e
Ricardo:)
RAFAELA –
(olhando para os três que estavam saindo e fala com sarcasmo para
Ricardo: )
Lá vai o
triângulo amoroso, não é uma gracinha, meu amor?
RICARDO – Deixa eles, meu bem.
Acho que estão só se divertindo um pouco. E a propósito, vou tomar meu
café porque prometi jogar tênis com o Rodrigo agora
cedo.
(entram em cena Rodrigo e Marcela que
cumprimenta sua amiga Rafaela: )
RODRIGO –
E aí,
Ricardo? Dormiu bem? Preparado para o nosso joguinho de
tênis?
RICARDO – Mais do que pronto.
Vamos lá. (e os dois saem de cena; Rafaela diz para Marcela: )
RAFAELA –
Você viu o
que o escroto do seu irmão fez comigo na noite passada? Me dispensou na
maior, sem nem ao menos me dar um bom motivo. Tudo por causa daquela
babaca da Luciana. E é bom você se ligar porque o Fabio também está
caidinho por ela; os dois estavam até brigando pra sair com ela agora há
pouco...
MARCELA – Ah, eu não ligo. O
Fabio é assim mesmo, adora dar em cima de todas, mas sempre acaba voltando
pra mim.
RAFAELA – Será que desta vez ele
também vai voltar?
MARCELA – Claro que vai, mas se
não voltar eu dou um corretivo nele.
RAFAELA – Que tipo de
corretivo?
MARCELA – Ah, minha querida, é
segredo, mas posso te assegurar que é tiro e queda pra homens galinhas. E
aí, pronta para um bom mergulho na piscina?
RAFAELA – Prontinha, Marcela.
Vamos indo que eu estou louca para tomar um sol e pegar um bronzeado
legal. (as duas saem de cena e aparece Rebeca, que voltava com
compras do supermercado, conversando com Janete : )
REBECA –
Nossa, como
aquele supermercado estava cheio! Pensei que não ia conseguir chegar a
tempo para você preparar o almoço. Agora é com você,
Janete!
JANETE –
Pode deixar
que eu vou providenciar tudo, Senhorita Rebeca.
REBECA – A propósito, e a mamãe,
ainda não acordou? Mas ela não costuma acordar assim tão tarde. É melhor
darmos uma olhada. (ela e Janete saem de cena; passam-se alguns
minutos e ouve-se um grito e Rebeca entra em cena com Janete: )
REBECA – Janete, vá
correndo avisar o Alex e a Marcela e mande o pessoal vir pra cá agora.
(fala chorando desesperada: ) Eu
não acredito: MAMÃE ESTÁ MORTA!
(escurece o palco lentamente)
TERCEIRA CENA
(o palco vai se iluminando lentamente e estão todos
em cena, inclusive o Detetive Vitor, que veio para investigar o
ocorrido)
VITOR –
Bom, gente, o
que eu podia fazer, já fiz. Quem são os parentes?
(Marcela, Rebeca e Alex se identificam para ele, que
diz: )
VITOR –
Gostaria de
falar a sós com vocês, por favor. Mais alguém tinha contato com a vítima,
além da governanta Janete?
CAROLINA – Eu, era a enfermeira
dela há três anos. Cuidava de toda
a sua medicação diária, pois ela tinha problema de
coração.
VITOR – Então, é melhor também
estar presente na conversa. Além disso, quero entrevistar todos que
estavam aqui ontem e hoje.
BRUNO – Se precisar de alguma
ajuda profissional conte comigo. Sou advogado e se vocês quiserem, posso
representar legalmente a
família.
REBECA – Obrigada, Bruno. Você é
muito atencioso.
VITOR – O resto de vocês, por
favor, aguarde lá fora que quando terminar com a família, vou precisar
interrogar a todos. (e eles se retiram, ficando só os três filhos,
Janete e Carolina com ele, que começa a perguntar: )
VITOR –
Primeiro,
gostaria de dizer que sinto muito por tudo isso, mas infelizmente se faz
necessário que as investigações prossigam. Vou procurar ser o mais
discreto possível, dadas as circunstâncias. Bem, agora vocês podem me
responder quem foi a última pessoa a ver a vítima
viva?
MARCELA – Ai, que coisa mórbida!
Você não pode parar de chamar minha mãezinha de “vítima”? Tadinha...Afinal
ela era a nossa mãezinha querida...(e começa a chorar; e Vitor
responde: )
VITOR –
Desculpe,
Marcela, mas é a força do hábito, afinal é a linguagem que faz parte do
meu trabalho, mas asseguro a vocês que estou cuidando do caso com toda
consideração e respeito pela pessoa de sua falecida mãe. Mas, voltando a
minha pergunta anterior, quem foi a última pessoa a ver D. Olga
viva?
(todos se entreolham e por fim, Carolina responde: )
CAROLINA –
Acho que fui
eu, pois antes de dormir D. Olga tinha que tomar seu remédio para o
coração, e sempre era eu que lhe administrava essa medicação, e não me
lembro de ninguém mais falando com ela depois disso. (nesse
instante, Janete olha fixamente para todos, principalmente para Alex, que
fica sem graça e Vitor percebe)
VITOR –
Certo,
obrigado. E quanto a vocês, confirmam a história da Carolina ou sabem de
mais alguém que tenha estado com a vítima depois disso? (olhando
para Alex: ) E você,
Alex? O que houve com seu braço, onde você o
machucou?
ALEX –
Ah, isso aqui? Eu fui dar
uma volta e raspei numa árvore do jardim, só isso. E quanto a minha mãe,
eu não a vi depois que ela foi se deitar.( Marcela e Rebeca também
fazem que não com a cabeça e ele pergunta para Janete: )
VITOR –
E você,
Janete, também não a viu?
(ela responde que não com a cabeça e, percebendo que ela sabe de
algo, ele continua)
Tem certeza? E sobre hoje de manhã, depois que todos saíram, só ficou você
aqui, não é? E a Rebeca chegou logo em seguida, estou certo? (ela
acena positivamente com a cabeça) Foi quando vocês
decidiram ir até o quarto da vítima a fim de acordá-la e descobriram o
corpo? (elas dizem que sim) E você, Janete, chegou
perto dela e verificou que estava morta, não é? (ela diz que sim;
ele se dirige para Marcela e diz: )
VITOR –
E você,
Marcela, o que estava fazendo na hora do crime?
MARCELA –
Eu? Bom, eu
estava dando uma volta com a minha amiga Rafaela pelo
jardim.
VITOR –
Sei... Depois
eu vou confirmar o álibi de todos vocês com seus amigos, mas por hora é
só. Mas fiquem todos aqui, porque eu posso precisar esclarecer alguma
dúvida durante a investigação. Obrigado pela cooperação. Ah! Rebeca, por
favor, fique que eu preciso falar com você. (todos saem da sala e
ficam somente Vitor e Rebeca)
REBECA –
Você quer me
dizer alguma coisa?
VITOR – Sim, bom, é que eu não
quero que os outros saibam, mas você é a única que eu tirei da lista de
suspeitos por enquanto. Afinal, você não estava aqui até a hora da
descoberta do corpo. De acordo com minhas anotações, estava fazendo
compras, não é? (ela acena positivamente com a cabeça) Então, não tem motivo para ser
suspeita, e também quero pedir um favor: fique de olho em todos nos
próximos dias, até mesmo em seus irmãos, pois o assassino pode tentar
novamente ou deixar uma pista importante. Você é a única em quem eu posso
confiar no momento. E aí, você vai me ajudar na
investigação?
REBECA – Bom, por mim tudo bem e
agradeço pela confiança. (fica meio sem jeito e ele se aproxima
dela, pega em sua mão e diz carinhosamente: )
VITOR –
Sabia que
você é a primeira pessoa em quem eu confio em muitos anos? Eu nunca disse
isso a ninguém na minha vida, pois nunca tive tempo para relacionamentos
mais íntimos, sempre vivi para o trabalho, até hoje, quando te conheci.
Sei que ainda é muito prematuro de minha parte dizer isso, e não quero
parecer pretensioso, mas você é uma pessoa maravilhosa, linda por dentro e
por fora, tenho certeza.
REBECA –
(meio envergonhada diz: ) Obrigada, Vitor. Eu
também gostei de você assim
que o vi, mas com a morte de mamãe e toda essa confusão, fiquei meio
perdida e decidi guardar isso pra mim, mas me alegro que você sinta o
mesmo que eu. Também confio em você e espero poder te ajudar; depois que
tudo isso ficar esclarecido, poderemos nos conhecer melhor, afinal
cavalheiros como você também são raros hoje em dia.
VITOR –
(ele
a abraça e diz: )
Você é a pessoa mais meiga e compreensiva que eu conheci até hoje. Com
certeza, vou fazer tudo para te conhecer e te fazer feliz, meu anjo.
(e dá um beijo no rosto dela) Agora, vá e fique de olho
em tudo e se descobrir alguma coisa
ou se precisar de mim,
me chame, a qualquer hora, está bem? Tenho que ir, pois vou interrogar os
seus amigos também.
REBECA – Está bem. E, Vitor,
tome cuidado.
VITOR – Não se preocupe, meu
anjo. Até mais tarde!
(os dois saem de cena e o palco escurece um pouco;
depois se ilumina novamente e entram em cena Luciana e Fabio
conversando: )
FABIO –
Puxa... Você
viu como aquele detetive fazia perguntas pra todos nós? Até parece que tem
algum assassino aqui... Será que ele desconfia de algum de
nós?
LUCIANA – É...Pelo jeito parece
que ele suspeita de alguém, sim; mesmo possuindo um álibi, nós estamos sob
suspeita. Vai entender esses policiais...
FABIO – Mas, mudando de
assunto, eu queria te perguntar uma coisa desde ontem, quando nos
reencontramos: Lu, você ainda gosta de mim?
LUCIANA – Você continua
pretensioso, né, Fabio? E o que isso interessa agora? Afinal, já se
passaram oito anos e nossas vidas mudaram muito.
FABIO – Tudo bem, mas mesmo
assim eu quero saber.
LUCIANA – Por que? Que diferença
vai fazer?
FABIO – Pra mim, muita, porque
quando nos vimos ontem depois de tantos anos, eu não páro de pensar em
você; acho que estou apaixonado!
LUCIANA – (fala em tom de
ironia) Você só se
apaixonou até hoje por você mesmo.
FABIO – (segura ela
pelos braços e a olha fixamente) Mas ainda assim eu quero
saber: por favor, Lu, me responda.
LUCIANA – Tá bom, eu vou saciar a
sua curiosidade. Eu ainda gosto de você, sim. Pronto! Está satisfeito
agora? O que vai fazer, casar comigo, por acaso?
FABIO –
(abraça ela e dá um beijo) Isso é muito importante
pra mim. Sabe, Lu, eu nunca disse nada, mas também sempre tive uma atração
por você: você sempre foi tão decidida, independente e inteligente que eu
achava que nunca iria querer nada comigo. Então, eu resolvi me afastar e
comecei a dar uma de “galinha” com todas as mulheres. Mas agora que estou
te conhecendo melhor, vejo que ainda temos uma chance de recuperar o tempo
perdido, de ficarmos juntos, até de um compromisso sério O que você acha
disso?
LUCIANA –
(um pouco hesitante e surpresa responde: ) Bom, Fabio, tudo isso é
tão repentino pra mim...Eu sempre quis que isso acontecesse, mas agora...
Eu estou meio confusa com meus sentimentos, você me entende? Preciso de um
tempo pra rever meus sentimentos e organizar meus
pensamentos.
FABIO – Tudo bem, Lu, eu não
quero te apressar. Afinal, quem esperou tanto tempo pode esperar mais uns
dias. E depois com toda essa confusão aqui, não é de admirar que você
esteja confusa, até eu estou meio tonto com essa história de assassinato.
Mas eu vou esperar a sua resposta, minha gata. (pega ela pela
cintura, abraça-a e dá um beijo no rosto; nisso, chega Alex na sala e fala
com displiscência para Luciana: )
ALEX –
Luciana, eu não acredito
que você vai cair na conversa de conquistador barato desse cara outra
vez... Ele só quer se aproveitar de você, te enrolar, como sempre faz com
todas. Você não merece isso. E como eu gosto muito de você, vou te contar
uma coisa: (dirigindo-se para Fabio: ) Sabia que ele tem um caso
com a Marcela há quatro anos?
LUCIANA – (fala indignada:
) O que? Isso é
verdade, Fabio? Olhe nos meus olhos e me responda...
FABIO – (responde meio
sem graça: ) Tá bom,
Lu, é verdade, sim. Eu tive um caso com a Marcela, mas nós terminamos
recentemente, eu posso te assegurar. Por favor, me dê mais uma chance, eu
não pretendia te enganar, depois eu ia te explicar tudo, só não disse nada
agora porque tinha certeza que você não acreditaria em mim e fiquei com
medo de te perder de novo.
LUCIANA –
(ainda desconfiada: ) Tá, Fabio, chega, é
melhor a gente parar por aqui. Eu preciso refletir sobre tudo isso e
depois que as coisas aqui se resolverem, a gente volta a conversar. E
quanto a você, Alex, agradeço pelo seu aviso, sei que você só fez isso pra
me ajudar e quero que saiba que já te considero muito a partir de hoje. Eu
também gosto de você, mas preciso de um tempo, você me entende? (dá
um abraço e um beijo no rosto dele e ele retribui)
ALEX –
Valeu, Luciana. Você é a
melhor pessoa que eu conheci até hoje. E se você me der uma chance,
prometo que vou te fazer muito feliz.
LUCIANA – Você é um amor.
(nisso, chegam os outros na sala, menos Janete, e
começam a conversar sobre o interrogatório do detetive)
RICARDO –
Vocês viram?
Esse detetive acha que um de nós é o responsável por isso. Que coisa mais
absurda!
BRUNO – É...Mas para ele chegar
a essa conclusão é porque alguma coisa ele sabe.
RODRIGO – É provável que ele já
tenha alguma prova concreta sobre o assassino.
FABIO – Com certeza foi mesmo
um de nós, afinal quem seria louco de vir até aqui só pra matar a D. Olga
, correndo o risco de ser descoberto, se não tivesse um interesse direto
em tudo isso?
MARCELA – Ai, pára de falar
nisso, Fabio. Tudo isso é muito repentino pra mim...
RAFAELA – É mesmo, Marcela. É
tudo muito assustador. Só de pensar que um de nós é o assassino, me deixa
tão nervosa...Gostaria de sair daqui o mais rápido
possível!
REBECA – É, mas o Vitor disse
que é pra gente ficar por aqui nesses próximos dias, pois ele pode querer
interrogar um de nós novamente, e como somos todos suspeitos, se algum de
nós sair daqui, vai parecer que é o culpado.
ALEX –
(dirigindo-se para Rebeca: ) É, Rebeca, mas eu já
andei reparando que esse detetive está de olho em você. Acho que você já saiu
da lista de suspeitos, né?
REBECA – Não seja bobo, Alex,
claro que eu também sou suspeita. Se ele gosta de mim ou não, isso é outra
história e é problema meu.
ALEX –
(fala
em tom de ironia)
Não precisa ficar nervosinha... Mas que ele tá a fim de você, ah, isso
tá...
RODRIGO – Acho que no momento
somos todos suspeitos, (fita Carolina diretamente) principalmente você,
Carolina, que tinha acesso direto com D. Olga.
CAROLINA – É, eu sei. Mas
infelizmente, assim como vocês, não tenho nenhum álibi muito convincente.
Sou a principal suspeita, sim.
BRUNO -
(vem
em seu socorro) Se
ela é suspeita, você também é e todos nós aqui. E vamos parar de nos
acusar assim, afinal não somos todos amigos?
LUCIANA – Você está certo, Bruno.
Somos todos amigos e temos que nos unir para desvendar esse mistério. No
que depender de mim, podem contar, pois não tenho nada a
esconder.
RAFAELA – (com
ironia) Olha só, a
“santinha do pau oco” falou! Mas que belas
palavras...
BRUNO – Cala a boca, Rafaela!
Que vergonha! Mas vindo de você, o que eu poderia esperar? (fala
com sarcasmo: ) Como
costumam dizer: “a inveja é uma merda”.
MARCELA –
(retruca em favor da amiga: ) Mas que feio, Bruno!
Chamar a atenção da minha melhor amiga assim, na frente de todo mundo.
Isso são modos?
BRUNO – Ai, eu não agüento mais
isso! Quer saber, Marcela? Eu sempre quis te dizer isso: isso são modos de
VOCÊ falar? Parece que está com um pinto na boca!!! Vê se pára de encher o
saco de todo mundo porque ainda não existe no mundo alguém mais
insuportável que você! (dirigindo-se para Rodrigo, fala em tom de
desabafo: )
Desculpe, Rodrigo, pela minha sinceridade, mas não sei como você atura
essa “coisa” aí... (dirigindo-se para Rafaela, diz: ) E você, acha que sabe
tudo, né? Pois eu nunca conheci alguém tão burra e inconveniente! É um
sacrifício para mim e creio eu, para todos aqui, ter que te agüentar por
dois dias, que dirá por anos...Ricardo, meu amigo, você é um
herói!!!
(Marcela e Rafaela começam a retrucar enquanto
Rodrigo tenta acalmar os ânimos; nisso, chega Janete servindo refresco
para todos e Rodrigo diz; )
RODRIGO –
Janete, esse
copo não é aquele que estava no filtro e que eu tomei água quando cheguei?
Você sabe que eu não bebo em copo que não esteja devidamente limpo e
esterilizado, pois os germes que tem nele são mortais para a nossa saúde.
JANETE – Desculpe, senhor
Rodrigo, vou buscar outro copo para o senhor. (sai de cena e entra
com outro copo e o serve para ele; depois sai novamente)
(diante disso, todos param e olham espantados para
ele e Bruno retruca: )
BRUNO –
Ah, é? E como
você faz quando quer beber água no trabalho ou na
rua?
RODRIGO – E você acha que eu bebo
alguma coisa na rua, nesses copos cheios de germes e nesses bebedouros
imundos? Imagina... Eu tenho que me preservar. Por isso, sempre tenho
comigo em meu escritório meu copo, limpo e esterilizado, e exijo isso aqui
em casa também. E tem mais: se vocês quiserem se precaver, nunca bebam em
copo descartável, pois quem garante que não foi mesmo usado novamente?
Afinal, tudo isso hoje em dia, é feito com material reciclável, né? Vai
saber se alguém com uma doença contagiosa usou isso?
(todos caem na gargalhada e Bruno fala com ironia
para ele: )
BRUNO –
Meu amigo
Rodrigo, não sabia que suas neuroses chegavam a esse ponto. Ah, já sei:
isso é resultado dos muitos anos de casamento com a Marcelinha, né? Eu
sabia que ela ia te deixar neurótico com tanta besteira... (e cai
na risada)
RODRIGO –
Tá bom,
Bruno, pode gozar da minha cara, mas depois que pegar algum vírus ou
bactéria, não diga que eu não avisei. Mas mesmo assim vou dar uma dica:
quando saírem, sempre levem algum dinheiro com vocês, pois se acontecer de
passarem mal, terão dinheiro para alguém comprar sais para socorrê-los.
MARCELA – Ai, o meu amorzinho é
sempre tão preocupado com a saúde... (fala meio chorosa: ) Bruno, você hoje está
demais, viu? Não respeita nem a morte da nossa querida
mãezinha...
BRUNO – (responde com
ironia: ) Nossa, eu
não tinha pensado nisso! Rodrigo, você salvou a minha vida!!! Mas, prometo
que agora vou seguir seu conselho. (e todos caem na risada)
REBECA – É...Parece mesmo que eu
sou a única aqui que está mesmo triste com essa
perda.
LUCIANA – Desculpe, Rebeca, nós
não queremos parecer indiferentes com a dor de vocês, principalmente com
você, só estamos tentando descontrair um pouco o ambiente para que esse
momento seja menos doloroso pra vocês. Afinal, nós todos somos suspeitos
dessa investigação e isso já basta pra mexer com os nervos de qualquer um;
só de pensar que tem um assassino a solta por aqui, me dá
arrepios...
RICARDO – Você tem razão,
Luciana. Agora, acho que é melhor a gente parar com as brincadeiras,
pessoal.
CAROLINA – Será que o detetive
pensa mesmo que um de nós matou D. Olga? Que coisa
terrível!
FABIO – Acho que ele não pensa,
ele TEM CERTEZA!
ALEX – Essa conversa está me
deixando muito irritado, sabia?
(nesse instante, entra na sala Janete)
RAFAELA – E´...Acho que nesse
momento estamos olhando para o assassino.
(todos se entreolham surpresos e Bruno pergunta a
ela: )
BRUNO –
Ah, é,
sabe-tudo? E quem é, afinal?
RAFAELA – Mas eu não disse que
sei quem é, apenas que é um de nós, pode ser qualquer
um.
BRUNO – Eu sabia! Era só o que
faltava, você querendo fazer o trabalho do Detetive Vitor.
(nesse momento, Janete sai da sala e Marcela diz:
)
MARCELA –
Ai, gente, chega
disso. É melhor irmos todos dormir um pouco. Afinal, foi um dia muito
cansativo pra todos, não é, meu amorzinho? (e abraça Rodrigo)
REBECA –
Eu concordo.
Quem sabe amanhã o
Vitor nos traga uma pista do assassino...
(todos concordam e saem de cena, com exceção de
Bruno e Carolina)
CAROLINA – Estou muito preocupada,
Bruno...Eu não sei como vai ficar minha situação; agora que D.Olga morreu,
acho que perdi meu emprego...
BRUNO – (pega no rosto
dela, olha com ternura e diz: ) Quanto a isso, pode
contar comigo para te ajudar. Você não confia em mim? Então, deixe tudo
comigo, posso fazer muito mais do que isso. Apenas me dê uma chance, ou
melhor, NOS dê uma chance...
CAROLINA – (fica mais
tranqüila e diz: ) Obrigada, Bruno.
(fala com um ar de riso: ) E pode deixar, eu vou te
dar, ou melhor, NOS dar uma chance, sim. Mas, será que você vai continuar
gostando de mim se eu for a assassina?
BRUNO –
(fala com um sorriso) Acho que eu posso agüentar
uma assassina linda como você. (eles se beijam e saem de cena; o palco escurece
parcialmente e aparece em cena Janete procurando
alguma coisa; nisso, entra em cena uma pessoa na porta da sala, vestindo
uma capa preta com um capuz e luvas, de modo que nem seu rosto pudesse ser
visto; Janete se assusta, mas vai na direção dela, no escuro; quando chega
perto, reconhece a pessoa e diz: )
JANETE
- Ah, é você. (sem
dizer uma palavra, essa pessoa segura os dois braços de Janete) Mas, espere aí: o que
você está fazendo? Pare com isso ou eles vão saber quem você é.
(grita:)
Pára com isso!(o assassino
dá uma facada no peito de Janete e sai correndo; Janete cai morta no chão
e o palco escurece totalmente)
QUARTA CENA
(o palco se ilumina novamente e aparecem todos em
cena, inclusive o Detetive Vitor, que veio investigar a morte de Janete,
cujo corpo já foi retirado de cena)
VITOR –
Bem, agora eu
não tenho mais dúvidas: um de
vocês é mesmo o assassino! Os fatos falam por si;
neste último assassinato, eram só vocês que estavam na casa: Ricardo,
Rafaela, Rodrigo, Marcela, Alex, Fabio, Luciana, Bruno, Carolina e Rebeca.
(dirigindo-se para eles, pergunta: ) E então, ninguém vai se
manifestar? (todos se entreolham surpresos com o tom de sua voz e
ele continua: )
Bom,
já que ninguém quer falar, eu falo: depois de muitas investigações,
inclusive sobre o passado de cada um de vocês, e com uma pequena ajuda de
Rebeca, eu finalmente cheguei a uma resposta concreta e sei com certeza,
sem sombra de dúvida, quem de vocês matou D. Olga e Janete. Acho que vocês
vão ficar surpresos!
REBECA – (fala
nervosa:) Então,
você já sabe quem é o assassino? Mas não nos deu nem sequer uma
pista...Vamos, diga, quem é? Acabe com o suspense logo de uma
vez!
VITOR – É, eu sei, sim. Essa
pessoa é muito esperta, organizada e extremamente fria...Seu objetivo é
sua ambição desmedida. (diz em tom sarcástico para todos: ) Será que vocês conhecem
alguém com esse perfil aqui? (e olha fixamente um por um na sala e
faz-se um momento de silêncio; depois vira para Alex e diz: ) Sabe, você me enganou
direitinho com aquela história do ferimento no seu braço, no dia da morte
de D. Olga. (todos olham para Alex espantados e antes que ele tente
responder, continua: ) Eu sei que você não
machucou o braço no jardim, como disse, mas você o feriu quando discutiu
com Rafaela, na noite anterior; eu reparei que ela tem as unhas muito
compridas e soube pelos outro que houve uma pequena discussão entre vocês.
Viram como é bobagem tentar me enganar? (Vitor continua falando e
dirige-se para Carolina: ) E você, Carolina, foi a
minha primeira suspeita. Tinha acesso as drogas e as administrava para D.
Olga. Só você aqui entre todos tem o conhecimento médico necessário para
matá-la com suas drogas sem levantar suspeitas, afinal ela sofria do
coração e ninguém ia desconfiar de encontrá-la morta com parada cardíaca.
(dirige-se para Marcela e Rodrigo: ) Bom, quanto a você,
Marcela, também tinha acesso constante a sua mãe, e por conseqüência,
Rodrigo, Alex e até você, Rebeca. (ela fica surpresa com a
afirmação dele)
Apesar de eu ter pedido ajuda a você na investigação, não deixei de
observá-la também e confesso que no início, fiquei propenso a duvidar de
suas intenções, mas logo percebi que você era realmente muito sincera e
verdadeira e além disso, não tinha o perfil do
assassino.
BRUNO – Mas e quanto a nós?
Estamos aqui só de passagem, por que iríamos querer matar D. Olga e
Janete?
RICARDO – É, isso mesmo. Não
temos motivos, absolutamente nenhum para fazer isso. E agora, você vai ou
não vai dizer pra nós quem é o assassino?
VITOR – Calma, todos vão saber,
mesmo porque essa pessoa é muito amiga de todos e conseguiu enganar vocês
todo esse tempo. (dirigindo-se para Ricardo diz: ) E falando nisso, você
também me deu motivos pra desconfiar, afinal de acordo com o relato da
maioria, na hora da descoberta do corpo, foi o último a chegar de seu
“passeio”; (fala com desconfiança: ) Mas afinal de contas,
você e o Rodrigo não estavam jogando tênis? Então, como foi sumir depois?
RICARDO – Nós estávamos sim,
jogando tênis na quadra, mas o Rodrigo deu uma parada porque o seu celular
tocou e ele quis atender; aí, eu aproveitei e fui dar uma volta no jardim.
(tenta se explicar: ) As meninas me viram, a
Marcela e a Rafaela, podem perguntar para elas. (elas
confirmam)
VITOR –
Parece que o
Ricardo acabou fornecendo o álibi de vocês duas, não é, Rafaela?
(fala em tom irônico: ) Então, seria perda de
tempo perguntar onde você estava... Mesmo porque não seria a
verdade!
RICARDO – (fala indignado:
) Como assim, você
está duvidando da palavra dela?
MARCELA – Eu posso afirmar com
toda certeza, que ela estava comigo no jardim. Nós estávamos conversando
quando ouvimos a Rebeca gritar e pedir ajuda. (virando-se para
Rafaela diz: )
A
minha amiguinha é inocente, ouviu, detetive?
VITOR – Mas eu ainda não acusei
ninguém, Marcela. Apenas estou apresentando os fatos para todos e as
minhas conclusões. (fala olhando para todos: ) E sei que através de seus
depoimentos, um de vocês mentiu. (todos se entreolham assustados e
ele continua: ) Pois
é... Meus amigos, o jogo acabou! Parece incrível, mas o culpado
é...(faz-se um segundo de suspense e ele conclui: ) Você, Rafaela!
RAFAELA –
(defende-se muito nervosa) Eu? É
impossível! Afinal, meu álibi é muito
confiável: meu marido Ricardo me viu passeando com a Marcela na hora da
descoberta do corpo. (fala
em tom irônico: )
E
mesmo que fosse verdade, um marido não pode testemunhar contra sua esposa,
está na lei! Então, acho que assim sua teoria vai por água abaixo, não é,
detetive Vitor?
VITOR – É, nisso você está
certa. Mas o seu álibi não vai ser aceito porque quando o corpo foi
descoberto, já havia passado mais de oito horas do crime, ou seja, do
envenenamento. E esse detalhe eu não revelei para ninguém, pois tinha
esperança de que o assassino iria acabar se traindo em seu depoimento, por
causa do horário da morte. E vejo que deu certo. Então, como eu estava
dizendo, ela foi envenenada por volta da meia-noite, ou seja, no horário
em que costumava tomar a última dose do seu remédio. (vira-se para
Carolina: ) Por esse
motivo, você foi minha primeira suspeita, afinal era sempre você que
administrava a medicação de D. Olga todos os dias. (virando-se para
todos: ) Mas, é
claro que durante o jantar ela comentou com vocês que tomava essa
medicação e até mencionou que era Carolina que dava à ela . Então, foi
muito fácil pegar o vidro de remédio do seu quarto, que a propósito,
ficava aberto o dia todo, e adicionar nele o veneno fatal que a matou,
fazendo parecer um infarto; afinal, quem iria desconfiar, pois ela já
sofria do coração há muitos anos...(fala em tom sarcástico para
Rafaela: ) Seria o
crime perfeito, né, Rafaela?
REBECA – (fala assustada:
) Mas por que ela
iria querer matar nossa mãe? Ela é apenas uma amiga da Marcela e não tem
relação direta com a família.
VITOR – Acho que isso não é
totalmente verdade, não é, Rafaela? Vamos, conte para eles o seu
motivo...
RAFAELA – (responde, com
uma risada cínica e totalmente transfigurada: ) Muito bem, detetive Vitor! Como você
é inteligente e astuto, me pegou!
(dirigindo-se para Vitor: )
Você tem
razão, meus motivos são pessoais: (dirigindo-se para Marcela, Alex
e Rebeca diz em tom sarcástico: ) aquela velha tão boazinha
que vocês chamavam de “mãe” e que fazia tudo por vocês nem sequer soube se
sua filha aqui estava viva ou morta todos esses anos; é isso mesmo, eu sou
filha de D. Olga , ou melhor a filha bastarda que ela negou por toda vida
e escondeu do mundo, afinal era uma vergonha naquela época uma moça rica
da sociedade, de casamento marcado com um milionário da indústria
farmacêutica, engravidar do seu amante... (todos ficam surpresos e
assustados com essa revelação, principalmente seus 3 filhos e ela
continua: ) Era mais
fácil me jogar num orfanato e me dar para adoção do que me assumir...
(diz em tom irônico: ) Obrigada, mamãe! Eu sou mesmo muito grata a
senhora e a sua caridade comigo! Agora vocês sabem que
pessoa maravilhosa era a nossa mãe... (ri histericamente e
completa: )
Então,
depois de alguns anos, de muitas adoções, o destino me colocou no mesmo
colégio da Marcela; aí, ficamos amigas íntimas e fui descobrindo tudo
sobre ela e sua família até que finalmente fiquei cara a cara com D. Olga.
Eu nunca vou saber se ela me reconheceu, mas posso dizer que desde o
primeiro instante eu senti que havia uma ligação entre nós e como sou
curiosa, comecei a investigar tudo sobre ela e acabei descobrindo tudo. Eu
tinha apenas 16 anos então, e apesar de estar muito ansiosa para me
revelar a ela, me contive todos esses anos, esperando uma oportunidade
melhor para isso. Então, há um mês atrás, a Marcela me contou que sua mãe
estava muito doente e que o médico já havia prevenido a família sobre a
gravidade de seu estado de saúde e por conta disso, ela iria mandar seu
advogado alterar seu testamento. É claro que eu vi aí uma chance de
recuperar o que ela havia me negado por toda minha vida e aproveitei essa
reunião aqui para “mudar as coisas” em meu favor; afinal, se o testamento
não fosse modificado, eu também teria direito a uma parte na herança,
mesmo porque eu sou a filha mais velha e posso provar
isso.
ALEX – Então, você fez tudo
isso por dinheiro? E quanto a seu pai, onde ele
está?
RAFAELA – Aquele desgraçado sumiu
para a Europa quando soube que nossa mãe havia engravidado de mim e nunca
soube o que aconteceu comigo; e pelo que eu sei, não voltou mais para o
Brasil. Mas eu soube recentemente, que ele morreu por lá mesmo e pelo que
sei, sem um tostão no bolso. (fala com desprezo e sarcasmo: ) Esse não vai mesmo fazer
falta para o mundo! É só mais um aproveitador barato que se deu mal...bem
feito! (dirigindo-se para Alex: ) E respondendo sua
pergunta, sim, foi e é por dinheiro que eu fiz isso! (dá uma risada
debochada: )
Você
não achou que era pelo “amor e carinho” que ela me devotou todos esses
anos, não é? Ou você acha que eu ia deixar passar e perdoá-la sem mais nem
menos, sem uma compensação pelo meu sofrimento?
REBECA – Você é muito cruel e
fria, Rafaela. Se você amasse nossa mãe como diz, nunca teria feito isso e
a teria perdoado, sim. Ela deve ter tido seus motivos na
época.
MARCELA – A Rebeca tem razão,
Rafaela. Eu nunca pensei que você fosse capaz disso.
RAFAELA – O que vocês entendem de
amor? São apenas duas “Patricinhas”, filhinhas da mamãe, que nunca
souberam o que é se virar sozinha. Eu nunca tive ninguém para me ajudar,
sempre tive que contar apenas comigo mesma e cheguei até aqui sem ajuda.
Mas agora eu vou compensar isso, ah, se vou...
ALEX – Então foi por isso que
você se aproximou de mim e quis ter um caso comigo até hoje? Foi tudo
planejado e premeditado de sua parte durante todos esses anos? Olha só,
Ricardo, que tipo de pessoa você se casou...
RICARDO – (dirigindo-se
para Rafaela) Isso
não é surpresa pra mim, pois há muito tempo venho desconfiando de você e
mandei te investigar. Foi aí que descobri seu caso com o
Alex.
ALEX – Você sabia e nunca
disse nada pra mim? Por que, Ricardo? E o seu
orgulho?
RICARDO – Simples: eu casei com a
Rafaela por pura fachada e conveniência; quando ela veio trabalhar pra
mim, no meu escritório, percebi que era uma pessoa muito ambiciosa e que
seria muito útil nos negócios da empresa. Mais tarde, ela confirmou isso,
pois desde que ela entrou lá me ajudou a fechar muitos contratos
milionários e assim, ficamos cada vez mais próximos, Como eu sou um cara
prático, decidi unir o útil ao agradável e assim me casei com ela para que
continuasse a trabalhar comigo, o que ela fez todo esse tempo e até
conseguiu juntar um bom dinheiro em sua conta particular, não é, meu bem?
Na verdade, eu nunca a amei e por isso sempre deixei ela fazer o que
quisesse na sua vida particular, contanto que não interferisse nos
negócios. Mas, ultimamente ela estava ficando muito descuidada com seu
caso (olha para Alex), então estava pensando num
divórcio. (fala com ironia para Rafaela: ) Mas, agora, nem precisa
mais disso, né, meu amor? A justiça vai se encarregar da nossa
“separação”.
LUCIANA – Vocês se merecem, são
frios e ambiciosos e não sabem o que significa amar alguém de
verdade.
RICARDO – Francamente, minha
querida, essa história de amor é entediante. Só serve pra fazer a gente
perder tempo e desperdiçar energia, que pode ser melhor aproveitada em
outros setores de nossa vida. Amores vêm e vão, mas nossos bens
permanecem. Essa é a minha filosofia.
FABIO – E eu que me julgava um
safado e oportunista...Depois dessa, acho que virei
santo!
RAFAELA – Peraí, meu filho! Você
continua sendo um safado e oportunista. Conta aí para o seu “amiguinho”
Rodrigo o que você vêm fazendo com ele esses anos todos?
RODRIGO – Como assim? O que
significa isso, Fabio? Você aprontou alguma comigo ou com nossa
empresa?
FABIO – (fala muito
envergonhado) Não,
com nossa empresa, não. Mas com nossa amizade. É que... (hesita um
pouco e depois revela: ) Não tem outra maneira de
dizer isso, a não ser falando: Rodrigo, eu e a Marcela temos um caso há
mais de quatro anos. Me desculpe, mas aconteceu e não pudemos evitar e
quando eu percebi, a coisa já havia se complicado tanto que não dava mais
pra voltar atrás. Sei que isso é imperdoável, mas estou muito arrependido
e até já havia falado pra Marcela que queria terminar, mas você sabe como
ela é insistente. Mas, creia em mim, eu já havia dado um ponto final no
nosso caso. Sei que traí a nossa amizade, e não espero que me perdoe, mas
por favor vamos resolver tudo de um modo civilizado.
RODRIGO – (chega perto de
Fabio e sem ele esperar, dá um soco nele e diz para Marcela: ) Então é assim que você
retribuiu o meu amor, né, sua vagabunda?(pega ela pelo braço e a
joga no chão) Como
você é falsa, Marcela! Me enganou todo esse tempo com esse jeitinho de
desprotegida e apaixonada e eu caí direitinho. Como fui idiota... Pois
agora você está livre para seu amante, esse belo amigo que eu considerava
como um irmão. A casa é sua, então pode deixar que eu saio. E nem tenha
esperança de conseguir alguma pensão de mim, ouviu? Se quiser dinheiro, vá
trabalhar para conseguir. A propósito, estão precisando de mulheres no
prostíbulo da cidade, e você tem o perfil certo para esse “emprego”; é
melhor correr, quem sabe você consegue uma vaga para o cafetão aí também?
(e aponta para Fabio)
MARCELA –
(chorando, vai para perto de Fabio)Ai, Fabio, eu não tive
culpa...Mas você me ama, não é? Vai ficar comigo agora, não vai?
FABIO – ( responde se
afastando dela: ) Se
depender de mim, Marcela, eu não quero te ver nunca mais! Não sei como
pude cair na sua conversa todo esse tempo...Acabei perdendo meu emprego e
meu melhor amigo por sua causa.
MARCELA – Ai, não faz isso
comigo, meu amor. Me dá uma chance, eu vou ser boazinha para você, você
vai ver...
FABIO – ME ESQUECE, TÁ?
(e sai de perto dela) Sabe o que você quer na
verdade? Algum idiota que pague suas contas e sustente seus luxos, como
fez seu marido até agora, ou melhor, ex-marido; e eu não me presto a esse
papel ridículo.
MARCELA – Ai, eu fui traída por
vocês dois, seus desgraçados. Vocês vão me pagar, viu?
BRUNO – (diz em tom
irônico: ) Parece
que desta vez você se deu mal, Marcelinha... A justiça foi feita,
Amém!
RODRIGO – Amanhã mesmo pego
minhas coisas e saio daqui, vou para o meu flat na cidade.
(dirige-se para Alex e Rebeca e diz: ) Quanto a você, Rebeca, se
precisar de alguma coisa, pode contar comigo sempre; você é uma pessoa
maravilhosa, nem parece ser
irmã “dessa pessoa” (e aponta para Marcela); e você, Alex, vê se arruma
um emprego e pára de ficar vivendo às custas da sua família, mesmo porque
agora não sobrou muita coisa do patrimônio de vocês, pois infelizmente
todas as aplicações que o seu pai fez, foram desperdiçadas em gastos
fúteis seus e da Marcela nesses últimos anos; (dirigindo-se para
Rebeca: ) eu fiz
tudo que podia para salvar os negócios de seu pai, Rebeca, mas
infelizmente a dívida que ele deixou quando morreu era muito grande.
Espero que me perdoe por isso e conte sempre comigo,
viu?
REBECA – Obrigada, Rodrigo, e
não se preocupe, sei que você fez tudo que estava ao seu
alcance.
MARCELA –
Ah, é assim
Rodrigo? Essa idiota da minha irmã você trata bem, mas a sua mulher que te
aturou e agüentou suas neuroses esses anos todos, você simplesmente
abandona... Quem você pensa que eu sou, hein?
RODRIGO – Usando as palavras do
meu amigo Bruno: (fala quase gritando: ) Cala a boca, Marcela! E vê se pára de fingir
com essa sua voz irritante ser o que não é, porque o que você é eu já sei:
uma piranha , fútil e fingida! E não me dirija mais a palavra, ouviu?
(todos olham espantados para Rodrigo pela sua atitude tão decidida
e confiante e o parabenizam; já Marcela fica com medo dele pela primeira
vez; nisso, Vitor interrompe: )
VITOR –
Bem, tudo
isso é muito esclarecedor, mas agora tenho que concluir o que vim fazer
aqui: prender o assassino, ou melhor, assassina. (dirigindo-se para
Rafaela diz: )
Por
favor, me acompanhe.
RAFAELA – (dá uma boa
gargalhada e diz: ) E por acaso você não está
esquecendo de nada, não? Tem certeza que já contou tudo para eles?
(dirigindo-se para Rebeca diz com sarcasmo: ) O seu “príncipe encantado”
não é o que parece, meu amor. Por que não pergunta onde ele estava na hora do crime e
por que a Janete foi morta?
VITOR – Ora essa, todos já
concluíram que Janete foi morta porque descobriu a identidade do
assassino, ou seja, a SUA identidade. Não dê ouvidos a ela,
Rebeca.
BRUNO –
É, detetive,você tem
razão, mas uma coisa não entendo: é difícil imaginar a Rafaela fazendo
tudo isso sozinha... Afinal, conceber e executar esses crimes requer muita
habilidade e não querendo te desmerecer, minha querida, (olha para
Rafaela) mas é muita coisa pra uma pessoa
só...
RAFAELA – Mais uma vez, você
acertou, Bruno! (vira-se para todos e diz com maior satisfação: )
Eu concebi isso e
pus em prática com uma pequena ajuda. (olha fixamente para Vitor e
revela: ) Afinal, os
trabalhos em parceria dão melhor resultado, não é, DETETIVE VITOR? Pensou
que ia me tirar de circulação, sair livre, e ainda por cima casar com a
“princesa” aqui, é? Acho que você sonhou muito alto e caiu da cama!
(e cai na gargalhada; todos olham assustados para Vitor,
especialmente Rebeca, que diz: )
REBECA –
Vitor, eu
acreditei em você, nos seus sentimentos por mim, e por isso resolvi te
ajudar. Eu entreguei meu coração a você!E você me enganou. (fala quase chorando: ) Por que fez isso
comigo?
VITOR – (tenta chegar
perto dela, mas ela se afasta) Rebeca, me perdoe. Quando
eu aceitei participar desse plano com a Rafaela, eu não sabia que ia me
apaixonar por você. Depois, foi ficando cada vez mais difícil para mim te
contar a verdade e tive medo de te perder. Eu sabia que você não ia me
perdoar...
REBECA – Perdoar? Você matou a
minha mãe, seu desgraçado! (e parte pra cima dele, mas os outros a
detém)
CAROLINA – Então, foi você,
Rafaela, que colocou o veneno no remédio de D.Olga? Eu jamais iria
desconfiar...(dirigindo-se para Vitor conclui: ) E quanto a Janete? Foi
você, não é, Vitor? Ela viu você aqui aquela noite... Você deve ter vindo
aqui fazer chantagem com a Rafaela e quando estava saindo, ela te flagrou
aqui na sala. Pobre Janete! Devia estar procurando indícios do crime e
topou com o assassino em pessoa e se deu mal.
BRUNO – Bom, acho que isso
encerra o caso, como costumam dizer na polícia. (e dá um beijo em
Carolina)
VITOR –
Aí é que você
se engana, o caso não está encerrado AINDA. (pega sua arma e agarra
Rebeca, desesperado: ) Eu vou embora
daqui e ela vai comigo. (diz para Rebeca, que fica muito assustada:
) Rebeca, me perdoe mas eu não posso
ficar sem você. Por favor, venha comigo. Eu sei que você é uma pessoa
muito bondosa e, com o tempo, vai me perdoar... Eu tenho dinheiro e
prometo que você vai ter uma vida de princesa ao meu lado. Darei a você
tudo que quiser, meu amor.
RAFAELA –
Mas que cena
patética, Vitor. O que é isso, afinal? O assassino que se redime perante
sua amada, que romântico! (e ri histericamente) Acho que você pirou de vez
mesmo. (fala com ironia:) Você acha que ela vai
querer se unir a um psicopata como você?
VITOR – Cala a boca, sua
piranha! Sua vaca psicótica! Rebeca, não dê ouvidos a ela, ela me obrigou
a fazer tudo isso, eu juro. (e fica totalmente descontrolado;
nisso, Rafaela vai se aproximando dele e continua provocando: )
RAFAELA –
Vocês querem
saber? Esse cara não presta nem pra matar alguém. Eu tive que fazer tudo
sozinha, ele só deu o último golpe, o resto do crédito é meu. E agora, seu
idiota patético, o que acha que vai fazer? Sair correndo daqui e viver
feliz pra sempre com seu amor? Isso é sonho pra gente normal, não pra
retardados emocionais que nem você. Se não tivesse se envolvido com essa
babaca, a essa hora, estaria
rica e bem longe daqui. Porque o MEU crime e a MINHA idéia de concebê-lo
foi perfeita; o erro foi meu por escolher um parceiro tão burro.
(nisso, pega o canivete de seu bolso e inesperadamente, começa a
dar vários golpes.nele; com isso, Rebeca grita e se solta dele e todos
partem pra cima dela, tentando fazê-la parar;quando tudo se acalma, Fabio
liga para a polícia; Vitor está morto no chão e Rebeca se aproxima dele e
diz: )
REBECA –
Eu te perdôo,
Vitor. Fique em paz agora.
(o palco vai escurecendo lentamente e depois de
alguns minutos, se ilumina novamente; estão em cena Rebeca, Alex,
Carolina, Bruno, Ricardo,Fabio e Luciana falando sobre o acontecido; nesse
instante, entra em
cena Marcela, com um avental e tentando limpar a sala;
Bruno aproveita e fala em tom irônico para ela: )
BRUNO –
Nossa,
Marcela, como esse avental cai bem em você. É o mais novo modelo da
temporada, é? (e cai na
risada junto com os outros)
Ah, e não esqueça de
passar bem o pano em tudo, viu?
MARCELA –
(responde irritada: ) Você vai me pagar, Bruno!
Ah, se vai...
BRUNO – Tá bom, mas até lá, eu
vou me divertir um pouco vendo essa cena. Nada me dá mais
prazer...( e Marcela sai de cena reclamando)
CAROLINA – Tem certeza
disso?
BRUNO – Ah, meu amor, só você,
é claro.
RICARDO – Bom, eu vou indo,
gente, porque ainda tenho muita coisa pra resolver. Quero me ver livre
daquela vaca psicótica o quanto antes. Vou dar entrada nos papéis do
divórcio ainda hoje. (todos se despedem dele e lhe desejam boa
sorte)
BRUNO –
E por falar
em divórcio, eu vou fazer o contrário: (vira-se para Carolina e diz: ) Meu amor, quer casar
comigo?
CAROLINA – Ah, Bruno, você me
pegou de surpresa! Eu nem sei o que dizer...
BRUNO – Diga sim e eu serei
eternamente grato a você por me fazer viver de novo. Eu te amo, Carolina!
(os dois se beijam)
CAROLINA –
(responde com ironia)
Bom, se é assim eu aceito.
E se isso importar pra você, eu também te amo!
BRUNO – Pessoal, agora temos
que ir. Ainda tem muita coisa pra providenciar. Temos um casamento pela
frente e pode deixar que não vamos esquecer vocês, viu? (diz
olhando para Luciana,Fabio e Alex: ) Vocês vão ser nossos
padrinhos e espero que até lá a senhorita já tenha se decidido,
ouviu?
LUCIANA – Pode deixar, Bruno. Eu
farei a escolha certa.
(Bruno e Carolina se despedem e eles lhe desejam
felicidades; os três começam a conversar na sala e Rebeca diz: )
REBECA –
Acho que vou
fazer uma longa viagem para ver se consigo esquecer tudo isso. Vou arrumar
minha coisas, parto hoje à noite. Mas vocês podem ficar a
vontade.
LUCIANA – Obrigada, Rebeca, mas
eu também já vou indo.
ALEX E
FABIO –
(falam juntos:) Nós também! (e
Rebeca se despede deles e sai de cena; Luciana responde: )
LUCIANA –
Vocês estão
loucos? Os dois JUNTOS? Mas nem pensar...
ALEX – Pense assim: é mais
fácil você decidir tendo a gente por perto do que um em cada lugar, você
não acha?
FABIO – Pois é...E além disso,
o Rodrigo me deu outra chance e mandou que eu fosse até sua cidade
gerenciar nosso escritório lá. E pra completar, ele deu um emprego para o
Alex também. Isso não é ótimo?
LUCIANA –
(fala em tom de brincadeira, mas feliz:) É...Acho que são dois pelo
preço de um! Tá bom, vamos ver onde isso vai dar, mas nada de gracinhas
comigo, entenderam? E não quero ninguém na minha
casa.
ALEX – Pode deixar, eu e o
Fabio vamos dividir as despesas num apartamento. Você vai ter sua
privacidade respeitada.
FABIO – Só tem uma coisa que
queremos pedir a você: podemos fazer o jantar pra você todos os
dias?
LUCIANA – Ah, não! Essa é demais
até pra vocês dois! Tá bom, eu me rendo, vamos andando. (os dois
dão um beijo nela, um de cada lado)
ALEX – Deixa que eu levo a sua
mala, madame.
FABIO – Ei, peraí...eu também
vou ajudar...
LUCIANA – Calma, rapazes, tem
mala pra todo mundo. Eu mereço...
(os três saem juntos e o palco vai escurecendo
lentamente)
FIM
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